O que é ansiedade?
Antes de qualquer coisa é preciso saber que existe a ansiedade natural e a ansiedade patológica.
A ansiedade normal faz parte da resposta de defesa de todo individuo e é necessária (sim, você leu certo: necessária) para a sobrevivência da pessoa, pois prepara o organismo para enfrentar melhor as situações de “ameaça”, de modo a impedir ou diminuir, pelo menos, as conseqüências negativas destas.
Como por exemplo, ter uma prova decisiva na faculdade (ameaça), e por receio de não conseguir passar para o próximo semestre (ansiedade), decidir então se preparar estudando com atenção toda matéria para tirar a nota necessária.
Contudo, a ansiedade pode perder o seu papel protetor e tornar-se patológica, fazendo com que o individuo paralise em vez de se preparar melhor para enfrentar a situação.
A ansiedade patológica surge de uma preocupação desproporcional à situação ou ameaça, caracterizando-se por ser intensa, de longa duração (semanas, meses e até anos), que acarreta sofrimento e prejuízo em diversos âmbitos da vida da pessoa.
Os sintomas podem ser divididos em quatro grupos:
1- Fisiológicos: palpitações, sudorese, tensão muscular, enjôo, sensação de aperto no estômago.
2- Intelectuais: estado de alerta constante, pensamento acelerado, esquecimento, medo excessivo
3- Emocionais: raiva, irritabilidade, angustia, sentimento de inferioridade.
4- Comportamentais: evitar a todo custo a “ameaça”; busca por agentes que anestesiem os sintomas, por exemplo: uso de drogas e álcool.
Esses sintomas são desgastantes, intensos e prejudicam a vida da pessoa, a ponto de não conseguir fazer suas atividades habituais e a interferir em suas relações interpessoais, já que a ansiedade patológica leva a paralisação e fuga.
Dra Veronica Licitra – médica especialista em ansiedade
Dra Veronica Licitra é médica, atua na área de psiquiatria, atende no modo presencial e online e tem tratado muitos pacientes com ansiedade, inclusive os casos graves e resistentes.
Atualmente a Dra Veronica estuda com enfoque em tratamentos com medicações mais modernas que não causam dependência.
Confira alguns depoimentos de pacientes já atendidos pela Dra:
Entenda o que é a ansiedade natural e como ela é necessária
A ansiedade natural faz parte do homem desde que o mundo é mundo, e representa uma parte do mecanismo de defesa do ser humano, pois, reproduz uma resposta fisiológica natural e necessária para a sobrevivência, levando assim as pessoas a se preparem melhor para o confronto das adversidades.
Por exemplo, digamos que você vai viajar sozinho para o exterior e não domina o idioma. É natural que fique ansioso, que tenha medo, palpitações, sudorese, pensamentos preocupantes, como “e se eu me perder? E se eu não conseguir me comunicar?”
Só que, no caso da ansiedade natural, esses sintomas vão te impulsionar para que você se prepare para essa “situação de perigo”: aprendendo expressões básicas “de emergência” para que possam te auxiliar em caso de necessidade; anotando o número da agência ou de alguém que esteja lá te esperando, e por aí vai… E logo após a “ameaça” ter acabado a ansiedade também terá passado.
Vamos a um segundo exemplo, você está com um prazo apertado para entregar um projeto e fica preocupado. A preocupação te leva a recusar um convite dos amigos para ir ao cinema e te faz decidir por ficar em casa para concluir o projeto a tempo.
Você pode até ter algum sintoma – como, por exemplo: palpitação, tremor, sensação de mal estar-, mas estes não te impedem de fazer o que você tem que fazer (trabalhar, estudar, ler, sair de casa, cuidar dos filhos, etc).
A ansiedade normal passa à medida que você percebe que é capaz de enfrentar aquilo que está te afligindo.
Se o fator estressante é uma prova de faculdade, por exemplo, a ansiedade diminui quando você estuda a matéria e percebe que de fato está dominando o assunto, seja por meio do grande nível de acertos nos exercícios práticos, boa colocação nos simulados ou até no fato de ensinar e tirar dúvidas sobre o assunto em um grupo de estudos com os amigos.
Vale ressaltar que à medida que você tem mais dados da realidade de que pode enfrentar de maneira adequada àquela adversidade, menos ansioso você fica. Ou seja, percebendo que é capaz de solucionar o problema, você resolve a ansiedade.
Então, podemos inferir que além de preparar melhor o indivíduo para as ameaças, a ansiedade normal é temporária e não permanecem por semanas ou meses. Por isso, o tratamento medicamentoso não se faz necessário.
Já a ansiedade patológica.…
É denominada patológica quando começa a prejudicar o dia a dia, causando transtornos físicos e emocionais e interferindo na qualidade de vida do indivíduo, que não consegue controlá-la. Os sintomas podem começar desde criança e persistirem até a fase adulta, sendo os mais freqüentes:
- Preocupação excessiva e persistente (com vários assuntos ou sem motivo aparente)
- Sensação de “estar no limite” ou de que algo ruim pode acontecer a qualquer momento
- Fadiga, alterações no sono ou inquietação
- Dificuldade para se concentrar
- Irritabilidade e tensão
- Palpitações, desmaios e sensação de fraqueza
Os distúrbios de ansiedade mais comuns, são:
Fobias específicas – medo excessivo de um objeto ou situação, que começa a atrapalhar a vida da pessoa, que tenta evitá-lo em qualquer circunstância. Alguns exemplos são: medo de pegar um avião, de altura, de animais, de tomar uma injeção ou ver sangue.
Transtorno obsessivo compulsivo – quando o indivíduo apresenta obsessões e compulsões, por sofrer de comportamentos que parecem absurdos ou ridículos para si mesmo e/ou para as pessoas à sua volta, mas servem de alívio para que a pessoa afaste pensamentos desagradáveis, que são incontroláveis.
Ataques de pânico – Quando há sentimento de medo por algo desconhecido e se tem crises de pânico por curtos períodos de tempo repetidas vezes.
Transtornos de estresse pós-traumático – acontece quando a pessoa vivencia um trauma, geralmente que ataca sua integridade física ou mental, e começa a reviver a situação em pensamentos, evitar situações que lembrem o fato e medo de que a situação se repita.
Ansiedade generalizada – quando há preocupação excessiva em várias situações, até mesmo cotidianas, e a pessoa está comumente tensa e irritada.
Fobia Social – quando a pessoa não consegue ficar exposta à avaliação dos outros, e tem medo de ser rejeitado ou humilhado pelo círculo social em que vive, sentindo desconforto em fazer atividades simples na presença de outras pessoas, como comer e falar .
Não subestime a ansiedade
Para as pessoas que não buscam tratamento os sintomas podem durar anos e ser um fator de risco para evoluir até mesmo para evoluir para uma depressão.
Você sabia?
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país mais ansioso do mundo. A ansiedade acomete mais de 18 milhões de brasileiros, cerca de quase 10% da população, e causa um sentimento indefinido e desagradável de medo e apreensão devido a um perigo desconhecido.
Entenda como e por que o seu estilo de vida influencia a sua saúde mental
Há alguns anos era considerada a hipótese, devido ao baixo avanço da medicina, de que o cérebro era uma estrutura rígida, sem plasticidade, que não possuía capacidade regenerativa e, portanto, que não era possível formarem-se novos neurônios.
Acreditava-se que a gente nascia com um determinado número de neurônios, passava por um momento na infância que se chama “poda neural”, e pronto: o cérebro ia ficar daquele jeito pro resto da vida. Mas não é assim.
Hoje com o avanço da medicina, sabe-se que o cérebro possui neuroplasticidade. E o que é neuroplasticidade afinal?
É a capacidade que o sistema nervoso possui de se adaptar, modificar sua forma estrutural e funcional em resposta aos estímulos e experiências ao qual somos expostos.
É graças a essa neuroplasticidade – também chamada de plasticidade neuronal- que somos capazes, por exemplo, de voltar a fazer atividades habituais após um acidente que resultou em lesão cerebral (depende da região, claro), sem muitas vezes precisar criar novos neurônios.
Mais ainda. A plasticidade cerebral faz com que a gente consiga formar memórias, aprender uma habilidade nova, esquecer uma habilidade, se acostumar a alguma circunstância que nos incomoda.
Em suma, é a capacidade do nosso sistema nervoso em modificar as conexões dentro dele, a fim de responder melhor às adversidades.
Certo, Doutora… mas o que tudo isso tem a ver com o estilo de vida?
Calma! Estamos quase lá.
Você entendeu que o bom funcionamento cerebral depende diretamente de uma boa neuroplasticidade, não é mesmo? Pois então!
Com todo avanço da medicina, já podemos afirmar com segurança quais fatores influenciam negativamente e positivamente na neuroplasticidade. E pasme…
…O transtorno mental seja ele qual for – depressão, ansiedade, insônia, bipolaridade, TDAH, até mesmo estresse crônico, entre outros- é neuroTÓXICO, ou seja, prejudica a neuroplasticidade, faz mal ao cérebro, causando uma desestruturação e destruição, por assim dizer, dos neurônios.
Além disso, ocasiona diminuição da BDNF – proteína importante para o bom funcionamento cerebral, aumenta o volume da amígdala (região do cérebro responsável pelo medo e estado de alerta) e diminui o volume do hipocampo (região do cérebro responsável pela resiliência), dentre outros malefícios..
Eu sei que ler isso, ao primeiro momento, pode parecer assustador, mas como você viu anteriormente, graças a neuroplasticidade, neurônios podem ser recuperados e as conexões neuronais podem ser refeitas..e é aqui que o bom estilo de vida entra!
É buscando ativamente por uma vida saudável que você pode: diminuir os efeitos de um transtorno mental já instalado – precisando menos do uso de medicação, por exemplo; e até mesmo prevenir o aparecimento de um novo transtorno mental.
Certo, mas como???
Veja abaixo, os 4 fatores principais que auxiliam na neuroplasticidade:
1. Atividade física regular
Em apenas 3 meses desta atividade é possível verificar o aumento do fluxo sanguíneo para o hipocampo (região responsável pela nossa resiliência) que estimula, por sua vez, o aumento da produção de novos neurônios.
Após 1 ano de atividade física, inicia-se a produção do BDNF (proteína cerebral que geralmente está reduzida nos transtornos mentais), que, por sua vez, promove novas conexões neuronais, além de ser fator protetivo para Alzheimer.
2. Padrão alimentar rico em polifenóis.
Alimentos ricos em polifenóis são anti-oxidantes, e tem como exemplo frutas e vegetais (verdes escuros, principalmente). É a regularidade da ingestão, ou seja, é o ato de se alimentar “dia após dia” que estimulam a plasticidade neuronal.
3. Terapia
A terapia cognitiva comportamental (TCC) submete o paciente a uma experiência afetiva e intelectual que favorece o aprendizado para a mudança de comportamento (neuroplasticidade), melhorando a visão sobre si e sobre a realidade. É comprovado que a terapia promove um aumento do volume do hipocampo (região do cérebro responsável pela resiliência), e diminuição do volume da amígdala (região do cérebro responsável pelo medo e estado de alerta); regiões estas que são alteradas de modo oposto pelo estresse crônico e outros transtornos mentais.
4. Medicação
Sim, você leu certo. Tem algumas medicações que podem tanto estimular a neuroplasticidade quanto servir como fator protetor, não é maravilhoso?
A Fluoxetina e o Carbonato de Litio são exemplos disso. São capazes de estimular a regeneração do sistema nervoso; aumentar a produção da BDNF (proteína cerebral que geralmente está baixa nos transtornos mentais) e a formar novas conexões cerebrais.
Confira de maneira resumida como você pode – e deve – gerenciar a sua ansiedade:
- Tenha um hobby e dedique-se a ele pelo menos duas vezes por semana – jiu-jitsu, judô, corrida, vôlei, andar de bike, jardinagem, o ato de pintar e/ou desenhar. Qualquer atividade que não seja o trabalho e que você goste.
- Faça exercícios físicos diariamente.
- Respire e inspire profundamente – sempre que você sentir que uma crise de ansiedade está para começar, pare e respire.
- Durma cedo e por um tempo de 7 a 9 horas.
- Se alimente de forma saudável e busque não descontar a ansiedade na comida.
- Faça terapia! Invista no autoconhecimento: para amenizar a ansiedade, vale entender sobre suas reações, assim como quais são os gatilhos que disparam a ansiedade, para poder evitá-los. O mesmo vale para estímulos relaxantes que podem te ajudar a se acalmar, como um hobby ou a companhia de quem você ama, por exemplo.
- Administre suas medicações conforme orientado e não pare por conta própria. Se tiver com efeitos colaterais indesejados, volte no seu médico.
- Procure a ajuda de um profissional. As técnicas de tratamento variam de acordo com o tipo e nível de ansiedade de cada pessoa, por isso o acompanhamento médico é tão importante.
Como se dá o diagnóstico?
O diagnóstico da ansiedade é clínico e não há marcadores biológicos e/ou exames que diagnostiquem a ansiedade. É realizado pelo médico, após escuta atenta e coleta completa da história do paciente, com posterior articulação entre os sintomas, situação da saúde mental do paciente com os critérios definidores da doença.
Eu, Dra. Veronica, atuo na área de psiquiatria, atendo online estou aqui para te ajudar e trato de ansiedade. Se você se identificou com algum desses sintomas ou conhece alguém que apresente, entre em contato para iniciar tratamento ou para maiores informações.
Ótimo comentário doutora, de quem conhece o assunto. Me considero bem calmo e minha esposa agitada. Mas após 📖 dessa matéria, fiquei confuso. Só quero ajudá-la, por ser ela uma pessoa maravilhosa, mas de qdo em vez bastante brava.
Abs deste Gaúcho hospitaleiro de Porto Alegre-Rs.
Olá, Luiz.
Converse com sua esposa sobre a possibilidade de fazer uma avaliação psicológica para assim ter a certeza de que ela precisa ou não de ajuda de um profissional da área de psiquiatria.
Abç
Muito interessante e promissor.
Que bom que gostou, José. Abç.
Acho bom existir em sites sobre isso