O que é bipolaridade?
A bipolaridade é um transtorno mental ocasionado por inexplicáveis e intensas variações de humor, que transita basicamente entre os extremos emocionais — euforia e depressão — podendo interferir, em maior ou menor grau, a depender do espectro da doença, no pensamento, comportamento, energia, julgamento, sono, entre outros.
Médica especialista em bipolaridade
Dra Veronica Licitra é médica, atua na área de psiquiatria, é especialista em bipolaridade e tem tratado muitos pacientes com esse transtorno de humor, incluindo os casos graves e resistentes.
Atualmente a Dra Veronica estuda com enfoque em tratamentos com medicações mais modernas que não causam dependência.
Sintomas do transtorno bipolar
Os sintomas são extremamente variados e alguns podem inclusive estar presentes tanto nos estados de euforia quanto nos de depressão.
Esses sintomas podem durar dias, semanas, meses e até anos!
Fase depressiva:
- Tristeza insistente (humor deprimido)
- Fadiga (energia reduzida e cansaço extremo)
- Mudanças significativas no apetite (que pode gerar perda ou ganho de peso)
- Sentimentos de impotência, vazio, inutilidade e desesperança
- Sono excessivo ou insônia
- Preocupações excessivas
- Lentidão (mental e física)
- Autoestima baixa
- Dificuldade de concentração e de memória
- Desinteresse pelas atividades habituais
- Isolamento social e pensamentos suicidas
Fase eufórica:
- Autoestima extremamente elevada
- Hiperatividade
- Agitação psicomotora
- Desejo sexual consideravelmente aumentado
- Pensamentos e fala acelerados
- Irritabilidade e alucinações
- Pressentimento de nervosismo e tensão
- Comportamento agressivo
- Distratibilidade (atenção dispersa)
- Comportamentos imprudentes e impulsivos
- Sensação de felicidade extrema, autoconfiança e energia
Você já se sentiu culpado ou julgado por ser bipolar?
Muitos pacientes chegam ao meu consultório tristes, se sentindo extremamente culpados, por ouvirem constantemente que:
- Você tem é falta de vontade…
- Isso é falta de Deus…
- Você não melhora porque não quer…
- Isso é falta de caráter…
- Isso é preguiça e falta de vergonha na cara…
Ouvir coisas como essas de pessoas próximas (e que nos amam, apesar de tudo) deve doer muito e levar ao sentimento de culpa.
Essas atitudes são mais comuns que imaginamos e, apesar de cruéis, elas ocorrem principalmente por um motivo: a falta de informação.
E a verdade é que você, paciente que tem bipolaridade, NÃO TEM CULPA!
A bipolaridade tem causa biológica.
Quais as causas de bipolaridade?
Como eu ia dizendo… a bipolaridade não é culpa sua, nem tampouco é sinônimo de falta de caráter. Ter bipolaridade é tão biológico quanto quebrar um braço ou uma perna, ou ter diabetes…
Vamos a alguns fatores que levam à bipolaridade:
A suscetibilidade genética, que é herdada antes mesmo do nascimento, é passada através dos genes dos pais, que causam uma predisposição genética para que a doença se desenvolva. Isso não significa a certeza de desenvolvimento da bipolaridade, mas sim de um aumento da probabilidade de ocorrência.
Por exemplo, se a sua mãe ou o seu pai tem bipolaridade, você tem cerca de 10% de chance de desenvolver a doença, consideravelmente mais do que população em geral, que apresenta apenas 1,5%. Quando o número de parentes de primeiro grau é grande, a chance aumenta ainda mais. Por exemplo: se ambos os pais forem bipolares a sua chance aumenta para 25%.
Os fatores genéticos na bipolaridade, como em todas as doenças, não são determinantes, mas são influenciados fortemente pelo ambiente.
Um filho de pais diabéticos, por exemplo, ainda que nasça são, tem mais chance de desenvolver diabetes que a população geral, caso opte por um estilo de vida sedentário e alimentação rica em açúcares. Ou seja, é uma combinação de fator genético + ambiental.
Só que, diferente da diabetes, em que principalmente o estilo de vida influencia, a bipolaridade inclui uma infinidade de outros eventos que por sua vez fazem parte do quesito “ambiente”.
O quesito ambiente pode ser resumido em três grandes fatores: traumas precoces, eventos estressores ou estresse prolongado. Vamos a alguns exemplos:
- Traumas precoces (infância e adolescência): Abuso físico e psicológico, negligência afetiva, abandono…
OBS: Você sabia que o desenvolvimento cerebral se completa aos 25 anos de idade? Logo, traumas de forte impacto emocional que ocorram antes dessa idade e principalmente na infância podem afetar gravemente o funcionamento cerebral, levando à bipolaridade. - Eventos estressores que ocorrem ao longo da vida: assalto, morte de alguém próximo, abuso, o fato de presenciar um assassinato ou outro crime violento…
- Estresse prolongado: de relacionamento abusivo, dificuldade financeira…
Quais as principais áreas do cérebro que são afetadas?
Na bipolaridade há acometimento de principalmente duas regiões do cérebro: o sistema límbico e o córtex pré-frontal.
O Sistema límbico (1) é a região responsável pelo processamento das emoções, sejam elas positivas, negativas, de prazer, de alegria, de medo….
Por outro lado, o Córtex pré-frontal (2) é a região responsável pelo planejamento, julgamento, tomada de decisão, controle de impulsos, entre outros.
No caso de pacientes bipolares há uma desregulação, uma verdadeira alteração na forma como as emoções são processadas (1); bem como uma fraqueza no poder de discernimento e avaliação adequada da realidade (2).
Na mania/hipomania, por exemplo, o Sistema límbico está hiperativo, pois há uma intensidade de emoções, ao passo que o córtex pré-frontal está hipoativo, já que o controle de impulso e juízo da realidade está gravemente afetado.
Na depressão, ocorre o inverso, pois há uma redução da capacidade de experimentar emoções positivas, associada a um aumento de emoções negativas que ocorre também por hiperativação da amígdala (região responsável principalmente pelo medo e fuga).
O que são neurotransmissores e quais são os afetados na bipolaridade?
Os neurotransmissores são substâncias que servem como “mensageiros” para a comunicação entre os neurônios.
Os três principais neurotransmissores mais afetados são: dopamina, glutamato e serotonina.
O mais afetado, sem dúvida, é a dopamina, que é responsável pela atenção, motivação e prazer.
Há também o glutamato que atua na memória, concentração, aprendizado e plasticidade cerebral.
E por fim a serotonina, que é responsável pelo sentimento de satisfação e bem-estar, regulando de forma indireta o humor, o sono, a libido, a ansiedade….
Na mania/hipomania, esses três estão aumentados, enquanto na depressão, estão diminuídos.
Contudo, a dopamina e o glutamato em excesso, além de provocar os sintomas que já conhecemos, são neuro tóxicos e, portanto, danificam neurônios e circuitos neurais.
Por isso o tratamento deve ser para estabilizar o humor, mas também para evitar novos episódios, já que as reações químicas cerebrais que ocorrem podem levar a um mau funcionamento e morte dos neurônios. Muitos acreditam que o remédio prejudica o cérebro, quando na verdade o que o prejudica é o aumento disfuncional desses neurotransmissores.
Eu, Dra. Veronica, atuo na área de psiquiatria, estou aqui para te ajudar e trato de transtornos de humor. Se você se identificou com algum transtorno ou conhece alguém que apresente, entre em contato para iniciar tratamento ou para maiores informações.